Lil Whind e Arthurzim transformam falatório em faturamento. Mídia mistura versos em Português com um refrão em Inglês tirado do indie-pop para mostrar que ser diferente vende. A referência ao toca-discos “feito em 2014”, ao cabelo azul-esverdeado e aos vestidos vintage passa a ideia de autenticidade artística: eles curtem o que é retrô, assumem seu estilo e não precisam da aprovação de ninguém. Só que, logo depois, chega a batida trap e o recado: quanto mais a mídia fala, mais dinheiro entra. Boatos, fofocas e comentários maldosos viram combustível para impulsionar o nome de Lil Whind. Ele ouve sua própria “intuição”, renasce “das cinzas” e dribla portais de fofoca que anunciam viagens inventadas. Em vez de se irritar, ele ri, curte, comenta e monetiza.
Arthurzim entra na segunda metade e reforça o deboche. Entre Air Force e camadas de Fendi, ele diz “eu que sou a mídia”, lembrando que, na era digital, o artista controla a própria narrativa. No fim, reaparece o refrão do toca-discos como um lembrete de que a originalidade apresentada no começo nunca se perdeu. Resultado: uma faixa bem-humorada que critica o sensacionalismo, celebra a identidade de quem veio “de onde eu vim” e ensina que a melhor resposta ao blá-blá-blá é transformar barulho em lucro.